Temos a tendência de julgar pessoas e lugares desconhecidos pela primeira impressão que sentimos. Esse é um resquício que trazemos desde tempos ancestrais. Naquela época, a velocidade de tomada de decisão podia ser a distância entre a vida e a morte. Decidir se um lugar era seguro ou hostil, confortável ou não, se uma pessoa ou animal era amistoso ou não, nos ajudou a perpetuarmos nossa espécie. E fazemos isso até hoje, inconscientemente.
Levamos apenas 0,5 segundo para definir a personalidade de uma pessoa que acabamos de conhecer
Para que essas decisões fossem tomadas, nossa mente não pode usar todo seu potencial de raciocínio. Não daria tempo para reagir a uma situação de ameaça. Ou seja, não raciocinamos quando estamos encontrando um lugar ou uma pessoa nova, mas sim reagimos utilizando estruturas mais básicas de nossa mente.
As primeiras informações tem mais peso que as outras
Repare nas características dessas duas pessoas e responda qual delas você acha ser uma pessoa mais interessante:
Alan: inteligente, esforçado, obstinado, corajoso e invejoso
Ben: invejoso, obstinado, inteligente, corajoso e esforçado
Alan parece ser uma pessoa mais interessante que Ben, não é mesmo? Mesmo eles tendo as mesmas características, as primeiras informações compõem um quadro em nossa mente mais forte que as informações seguintes. Quase como se as últimas informações fossem apenas complementos da primeira. Uma pessoa inteligente que é obstinada, pode fazer coisas incríveis, enquanto que uma pessoa invejosa e obstinada, pode ser perigosa.
Essa experiência foi realizada pelo Nobel de Economia, Daniel Kahneman. Assim, ele mostrou que tendemos a atribuir valor com nossas primeiras sensações. Quando chegamos em um lugar e a fachada está impecável, como imaginamos que estará o seu interior? E o contrário? E essa expectativa muda toda nossa experiência dentro desse espaço.
“Você nunca terá uma segunda chance de causar uma primeira impressão” – Aaron Burns, designer norte-americano
Efeito Halo
Kahneman diz que somos sujeitos a um efeito mental onde tendemos a julgar de acordo com nossas sensações e conceitos pré-estabelecidos. A essa pré-disposição ele deu o nome de Efeito Halo ou Heurística do Afeto. Se temos uma boa primeira impressão de um lugar, isso gera um vínculo positivo com ele e tendemos a gostar dos demais cômodos.
E mais, quando a pessoa se lembra de um lugar que causou boa impressão ou está voltando para ele, tenderá a ser mais receptiva às relações que acontecerão dentro dele. Além disso, estará mais aberta e segura para estar ali. E esse vínculo afetivo começa com a primeira impressão que ela terá de lá.
E o que a primeira impressão tem a ver com a arquitetura?
Repare que quando entramos em um lugar, ele nos influencia de alguma maneira. Se ele for absolutamente novo para nós, começamos a realizar julgamentos para decidirmos se nos sentimos bem ou não ali.
Aí entra todo conhecimento e estudo arquitetônico. Causar uma primeira impressão positiva, cativante, acolhedora, capaz de transmitir a informação correta para os visitantes. Vale demais o carinho e a preocupação com o primeiro ambiente de uma casa, consultório ou escritório.
Quando entrar em algum lugar que você costuma frequentar, procure ver quais são as informações que está recebendo? O que é visto primeiro? Que tipo de sensação esse espaço provoca em você? Se fosse colocar em uma única palavra, qual seria? Comparando com o restante do lugar, essa primeira impressão faz sentido com ele?
Cuidar para que o visitante seja impactado com as primeiras informações corretas, compatíveis com a natureza do lugar, ajuda muito nas relações humanas que acontecerão ali. Para que isso seja possível, contar com um excelente arquiteto faz com que essa comunicação seja amplamente eficaz e agradável, potencializando o espaço e as pessoas.